Hoje li o desabafo de um ex-publicitário, o Thiago, no blog do Publicijobs (procurem em http://publicijobs.blogspot.com e leiam). Ele relata sua desilusão com a profissão que escolheu.
Eu faço coro... Minha área também é das ‘comunicações’, jornalismo, e sinto o mesmo que ele.
A falta de criatividade, de cultura, de conhecimento, de talento é tanta que transparece na mediocridade da mídia em geral.
Estão nivelando por baixo... Especialmente no que se refere à remuneração.
Fico abismada quando leio um anúncio da vaga, vejo as ‘exigências’, a carga horária (normalmente horário comercial – das 9h às 19h com uma hora de almoço) e... o salário oferecido! É piada... Tem gente contratando por salário de 800, 1.000, 1.500... Isso para ‘autônomo’ ou PJ, sem benefício nenhum!!!
Não saio da minha casa por isso. Sei o valor do meu trabalho, do meu conhecimento, da minha experiência... É a desvalorização total da profissão e dos profissionais...
Diante do fato não é de se estranhar o baixo nível geral da imprensa – escrita, falada e televisiva...
Um exemplo: dia desses, passando por uma dessas News da TV a cabo (não lembro se Band ou Record) ouvi a seguinte ‘pérola’ de uma repórter:
‘... houve manifestação das vítimas fatais’!!!!!!!!!!! (onde? No céu?)...
E por aí vai...É a ‘marcha da mediocridade em curso’, como diz o Roberto Navarro!
Por essas e outras, sem trabalho na minha área eu decidi: vou fazer brigadeiros.
O doce, com gosto de infância, crocante por fora e super cremoso por dentro é minha especialidade culinária. Uma das únicas, uma vez que cozinha e fogão não são o meu forte! E é com esse docinho que derrete na boca, tem sabor de festa e remete aos tempos em que um futuro ensolarado, brilhante e feliz era tudo o que nos esperava, que eu vou ‘ganhar’ a vida, pelo menos nesse momento.
Às ‘escritas’, minha paixão, vou reservar esse espaço. Um espaço meu, sem censura, sem necessidade de permissões ou aprovações; um espaço livre para exercitar a criatividade, coordenar idéias, passar experiência e escrever sobre o que eu bem entender.
No resto do tempo, vou me dedicar às bolinhas de leite condensado e chocolate, lindamente depositadas em forminhas de papel. Um deleite!
Vou fazer brigadeiros... E a partir de agora, aceito encomendas de quem queira embarcar numa viagem de volta à infância, mesmo que momentânea.
Eram pouco mais que duas crianças...
Há um ano
Acho que to num barco muito parecido, inclusive no pensamento de quue comer um verdadeiro brigadeiro de panela (pq nos dois de hoje existem pessoas com a cara de pau de fazer no microondas...uiii.. ninguem merece né)faz pelomenos por uns minutos nos sentirmos verdadeiramente felizes... faco isso muitas vezes...
ResponderExcluirLembro-me bem do estranho pudor na mesa de doces dos aniversários da minha infância: "Os brigadeiros só depois do bolo." E que tipo de problema poderia ser trocar o salgadinho de festa pelo açúcar na companhia de pessoas queridas?
ResponderExcluirDe longe os brigadeiros são mais dignos que os estranhos códigos que podam a infância - muito mais espirituosa a mão que os enrola que a que nos afasta da mesa.
Oi Iramar, quanto tempo, pelo menos o Twitter valeu para isso.
ResponderExcluirUm grande beijo
Klever
www.parisdakar.com.br
Suas críticas, pertinentes do início ao fim, têm uma diferença, fundamental para identificar pessoas como você: poderiam ser azedas, mas são doces. Como brigadeiros, claro.
ResponderExcluirManifestação de vítimas fatais, né? Dupla besteira. Primeiro, porque fatal é o agente causador da morte e, segundo, porque só a mediocridade é capaz de conceber tal proeza.
Grande abraço.
É impressionante ouvir dizer que o Brasil "cresce", mas que a faixa salarial dos mais diversos tipos de profissionais e o salário mínimo sempre crescem dentro das reduções de custo. É desta forma que políticos, banqueiros, "grandes" empresários etc, enriquecem cada vez mais: às custas do nosso trabalho! Esse país tem um looongo caminho a percorrer para se tornar digno aos olhos dos seus trabalhadores cidadãos.
ResponderExcluirE aqueles que, como você, não se contentam com um salário que não faz jus à sua experiência e habilidade e se recusam a aceitar qualquer emprego, são substituídos por profissionais medíocres, que tornam, nesse caso, os meios de comunicação deficitários em relação às suas próprias funções em relação à sociedade, falhando em manter um nível mínimo de excelência e qualidade.
Iramar fiquei longo tempo sem escrever até que um curso do Senac me resgatou a auto-estima e felizmente, embora não tenha um blog ainda exerço minha profissao em cadernos ininteligiveis tenho muita saudade da Bandeirantes e acho que embora não nos chamem para trabalhar de volta ainda é a minha casa de origem. Um abração e saudades.
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