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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Vou fazer brigadeiros

Hoje li o desabafo de um ex-publicitário, o Thiago, no blog do Publicijobs (procurem em http://publicijobs.blogspot.com e leiam). Ele relata sua desilusão com a profissão que escolheu.
Eu faço coro... Minha área também é das ‘comunicações’, jornalismo, e sinto o mesmo que ele.
A falta de criatividade, de cultura, de conhecimento, de talento é tanta que transparece na mediocridade da mídia em geral.
Estão nivelando por baixo... Especialmente no que se refere à remuneração.
Fico abismada quando leio um anúncio da vaga, vejo as ‘exigências’, a carga horária (normalmente horário comercial – das 9h às 19h com uma hora de almoço) e... o salário oferecido! É piada... Tem gente contratando por salário de 800, 1.000, 1.500... Isso para ‘autônomo’ ou PJ, sem benefício nenhum!!!
Não saio da minha casa por isso. Sei o valor do meu trabalho, do meu conhecimento, da minha experiência... É a desvalorização total da profissão e dos profissionais...
Diante do fato não é de se estranhar o baixo nível geral da imprensa – escrita, falada e televisiva...
Um exemplo: dia desses, passando por uma dessas News da TV a cabo (não lembro se Band ou Record) ouvi a seguinte ‘pérola’ de uma repórter:
‘... houve manifestação das vítimas fatais’!!!!!!!!!!! (onde? No céu?)...
E por aí vai...É a ‘marcha da mediocridade em curso’, como diz o Roberto Navarro!
Por essas e outras, sem trabalho na minha área eu decidi: vou fazer brigadeiros.
O doce, com gosto de infância, crocante por fora e super cremoso por dentro é minha especialidade culinária. Uma das únicas, uma vez que cozinha e fogão não são o meu forte! E é com esse docinho que derrete na boca, tem sabor de festa e remete aos tempos em que um futuro ensolarado, brilhante e feliz era tudo o que nos esperava, que eu vou ‘ganhar’ a vida, pelo menos nesse momento.
Às ‘escritas’, minha paixão, vou reservar esse espaço. Um espaço meu, sem censura, sem necessidade de permissões ou aprovações; um espaço livre para exercitar a criatividade, coordenar idéias, passar experiência e escrever sobre o que eu bem entender.
No resto do tempo, vou me dedicar às bolinhas de leite condensado e chocolate, lindamente depositadas em forminhas de papel. Um deleite!
Vou fazer brigadeiros... E a partir de agora, aceito encomendas de quem queira embarcar numa viagem de volta à infância, mesmo que momentânea.

6 comentários:

  1. Acho que to num barco muito parecido, inclusive no pensamento de quue comer um verdadeiro brigadeiro de panela (pq nos dois de hoje existem pessoas com a cara de pau de fazer no microondas...uiii.. ninguem merece né)faz pelomenos por uns minutos nos sentirmos verdadeiramente felizes... faco isso muitas vezes...

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  2. Lembro-me bem do estranho pudor na mesa de doces dos aniversários da minha infância: "Os brigadeiros só depois do bolo." E que tipo de problema poderia ser trocar o salgadinho de festa pelo açúcar na companhia de pessoas queridas?
    De longe os brigadeiros são mais dignos que os estranhos códigos que podam a infância - muito mais espirituosa a mão que os enrola que a que nos afasta da mesa.

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  3. Oi Iramar, quanto tempo, pelo menos o Twitter valeu para isso.
    Um grande beijo
    Klever
    www.parisdakar.com.br

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  4. Suas críticas, pertinentes do início ao fim, têm uma diferença, fundamental para identificar pessoas como você: poderiam ser azedas, mas são doces. Como brigadeiros, claro.

    Manifestação de vítimas fatais, né? Dupla besteira. Primeiro, porque fatal é o agente causador da morte e, segundo, porque só a mediocridade é capaz de conceber tal proeza.
    Grande abraço.

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  5. É impressionante ouvir dizer que o Brasil "cresce", mas que a faixa salarial dos mais diversos tipos de profissionais e o salário mínimo sempre crescem dentro das reduções de custo. É desta forma que políticos, banqueiros, "grandes" empresários etc, enriquecem cada vez mais: às custas do nosso trabalho! Esse país tem um looongo caminho a percorrer para se tornar digno aos olhos dos seus trabalhadores cidadãos.

    E aqueles que, como você, não se contentam com um salário que não faz jus à sua experiência e habilidade e se recusam a aceitar qualquer emprego, são substituídos por profissionais medíocres, que tornam, nesse caso, os meios de comunicação deficitários em relação às suas próprias funções em relação à sociedade, falhando em manter um nível mínimo de excelência e qualidade.

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  6. Iramar fiquei longo tempo sem escrever até que um curso do Senac me resgatou a auto-estima e felizmente, embora não tenha um blog ainda exerço minha profissao em cadernos ininteligiveis tenho muita saudade da Bandeirantes e acho que embora não nos chamem para trabalhar de volta ainda é a minha casa de origem. Um abração e saudades.

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